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BlackBerry (filme, 2023)

Março 17, 2024 (Valor de volta)

​O filme conta a história dos fundadores da startup canadense Research in Motion (futuros criadores dos smartphones BlackBerry), que lutam para vender sua invenção. Ele retrata o nascimento da empresa e sua conquista de mercado antes do surgimento do iPhone.

Baseado no livro "Losing the Signal: The Untold Story Behind the Extraordinary Rise and Spectacular Fall of BlackBerry" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Waterloo, Canadá, 1996. Os fundadores da Research in Motion tentam encontrar financiamento para seu desenvolvimento revolucionário - um pager, telefone e computador em um único dispositivo - mas consistentemente falham em todas as apresentações. Quando um gerente demitido de uma grande empresa, onde fizeram uma apresentação no dia anterior, se junta a eles e fornece uma gestão eficaz, forçando programadores indisciplinados a transformar brinquedos eletrônicos e calculadoras em um protótipo funcional da noite para o dia, um investidor interessado é imediatamente encontrado. Assim, nasce o primeiro smartphone BlackBerry do mundo, capturando rapidamente o mercado e tornando seus criadores bilionários.

Outro filme do circuito de festivais. Desta vez do Berlinale 23. Indicado ao Urso de Ouro (Melhor Filme do Ano). No entanto, recebeu poucas críticas no IMDb (375 no momento em que esta resenha foi escrita). Acredito que isso precisa ser corrigido!

Alguém se lembra ou já ouviu falar da BlackBerry? Pessoas mais velhas podem dizer que esta empresa costumava produzir telefones, um dos quais foi usado pelo próprio Barack Obama. A geração mais jovem pode nem mesmo saber da existência desta empresa, pois ela não existe mais. Uma vez líderes de mercado ditando as regras do jogo, agora praticamente não existem. Este filme é dedicado a essa história de sucesso passada.

A primeira coisa a se notar é que o filme é leve, dinâmico e divertido. Em espírito, pode ser comparado a "O Lobo de Wall Street" de Scorsese ou a outros bons ("Moneyball" de Bennett Miller) e não tão bons ("Fome de Poder" de meu favorito John Lee Hancock) biopics. É um biopic audacioso sobre geeks-nerds que inventaram uma tecnologia legal e um tubarão dos negócios que conseguiu vender essa tecnologia. A combinação da inocência dos personagens principais com um vendedor talentoso correndo por aí gritando "FODA-SE" aumenta a diversão. Não é uma palestra enfadonha ou um documentário sobre a empresa. É uma história sobre pessoas, muito parecido com "A Rede Social" de Fincher.

Apesar da ausência de grandes estrelas, os atores atuam em alto nível. Jay Baruchel de "O Aprendiz de Feiticeiro" de Jon Turteltaub com Nicolas Cage desenvolve o dispositivo, e Matt Johnson dirige o filme. Vendendo esse milagre está Glenn Howerton - principalmente um ator de comédia e séries de "It's Always Sunny in Philadelphia" e não tão cômico "Os Estranhos" de Bryan Bertino.

Falando de outros aspectos técnicos, a cinematografia se destaca. O filme é filmado em estilo documentário. Um ótimo exemplo seria "The Office". Comportamento e ângulos de câmera semelhantes criam uma sensação de vida real. O espectador não é apenas alguém no teatro, mas se torna alguém que parece estar espiando o que está acontecendo, o que adiciona pontos à imersão e persuasão.

Mas, não importa que truques os autores usem, o filme está longe de ser preciso. Como mencionei anteriormente, não é um documentário sobre a empresa. O filme conta a história sequencialmente em quatro períodos de tempo, o que cria incompletude e lacunas quando os personagens mudam não na tela, mas durante esses saltos. Isso afeta tanto a integridade geral quanto a compreensão do que está acontecendo. Portanto, o filme apenas dá uma ideia geral do nascimento e morte da BlackBerry, o que pode não agradar a todos. Na minha opinião, se você deseja detalhar a jornada da empresa, é necessário um tempo de execução mais longo (cerca de 3 horas, como Scorsese fez, em vez de 2:10 como aqui).